sexta-feira, 6 de abril de 2007

Tchello d'Barros - p/ a exposição "Indivisuais" na Pinacoteca da UFAL - Maceió/AL


Capa de "VIDE-VERSO"


"VIDE-VERSO" - Poesia experiemental

Amigos,

Aqui alguns dos poemas de meu 6º livro, “Vide-Verso” que embora os poemas estejam veiculados em meu site desde 2004, ainda não foi publicada uma versão impressa. A coletânea de textos curtíssimos segue na linha dos poemas publicados em “Letramorfose, ou seja, todos muito curtos, explorando as várias possibilidades da palavra, usando e abusando de rimas, trocadilhos, aliterações e outros recursos, ora desconstruindo frases-feitas, ora resignificando sentenças filosóficas ou falares do povo. Creio que os que estiverem familiarizados com as palavras-cabide e palavras-valise de James Joyce, não se assustarão muito.






.............................



sumi
semi
nu
numa
duna
duma
dona



.............................



nós
nus
:
um
+
um
=
hum!



.............................



era
hora
do
amor
ora
era
eros
ora
era
hera



.............................




aporta
saudade
aperta
o peito
flechado
fechabre
a porta


...................................



dispara
meu
peito
que
ao
ver-te
diz: pára!



.................................


verte
meu
peito
ao
ver-te



.............................



indecente

tua lava

me lava

me leva

me love

incandescente



...................................



na cama

a calma

com fusão

de corpo

e alma



....................................


como

tô carente

corro

tocar em teu

corpo



..............................




acaso


acasalamento

lamento



..................................




acaso

cedo ou tarde

cedo e caso



em suma

me assuma

ou suma



.............................



amor ou caso

acuso o acaso

cada caso

é um caos



.........................



revelo

me

em

teu

relevo



............................



preciso

do

que

tens

de

precioso



............................


a maria


quem


diria

que


um


dia

me

amaria


................................



quarto crescente
luar de absinto
parece que sente
carece o que sinto



................................



obsoleto

tudo que eu sabia

absoluto



................................



todos

nós

somos

hum


us



.............................



na

vida

as

coisas

são

comoção



............................



sempre essa


de
divagar
e


sem pressa



.............................



arte
?
deus
me
louvre
!



...........................





poética
intica
:
em
política
ética
é titica



.............................



a cidade
assassina
ácida de si
decide
essa sina



........................



urgia te amar

mal
me
quer
mas
bem
me
tem
em

orgia de amor



........................



silencio
ao
te
ver
se

cio

lascívia
ao
te
ver

se
via



........................



meu
fôlego
teu
fogo
ex-pira



........................



indecente
ainda sente

essa ninfa
essa peca
essa fada

inocente
e não sente



........................



no amor
haja gás
e ânimo
a
orgia se
gasta num
momento



........................



eros ou erros
:
apego = ah pego
apelo = ah pelo
afago = ah fogo
afeto = há feto



........................




:
vampira
me
tara pira
me
tira para
me
expia inspira
me
aspira expira
!



........................



a danada
da amada

uma dona
que me dana

uma dama
que me doma

nada muda
essa madame

me dá medo
se me ama



........................



ânsia
em
si
seu
cio
ensina
me
o
ciúme



........................



a alma geme ao

ver

a alma gêmea



........................



culpa do
cupido
:
bem feito
é certo
que a seta
só acerta
quem aceita
essa seita
no centro
do peito



........................



vir tu ali dá de

10
na

virtualidade



........................



escrevo

não
pra ser imortal

mas
pra um amor tal
pra uma mortal



........................



sou

anticonstitucionalissimamente





........................



do
poema
rimas

do
amor
rimos

da
vida
rumos



........................



ri mas são
rimas minhas

estrelinhas
nas
entrelinhas



........................



arte
:
futuro da faina
fratura da forma
fatura da fama
fartura da fome



........................



moda
me dá
medo

mede
o meu
modo

muda
o meu
mundo



........................



pátria minha
grande e bela

ver de perto
e amar ela



........................



belezas
à
beça
se
abrissem
as
cabeças
e
coubesse
que
a cobiça
se
acabasse



........................



na ida à vinha
a ira ainda
havia na vinda

ria na via a ira
no vinho novinho
pois ia e vinha



........................



sossego
se só sigo
desígnios
de signos
sou cego



........................



some

ou

some



........................



sina de luz
me
elucida

a lucidez
me
alucina



........................



universos paralelos

:

uni versos para lê-los



........................



prece
não tem
preço

ora

peça
à
beça



........................


temor
:
tememos
e
trememos
:
morte



........................


"Vide-Verso"


Tchello d'Barros

www.tchello.art.br

Capa de "AMOR À FLOR DA PELE"


"AMOR À FLOR DA PELE" - Trovas

Amigos,

Aqui alguns dos poemas constantes em meu 5º livro publicado, “Amor à Flor da Pele” (2003), pela Editora Cultura em Movimento, na cidade de Blumenau/SC. O lançamento ocorreu na Fundação Cultural de Blumenau, sede da editora, em evento onde comemorei 10 anos de atividades artísticas lançando ainda meu site. Na ocasião, o programa sobre Literatura Pic-Nic Cultural que eu apresentava na TV Brasil Esperança, entrevistando ao vivo autores da região, fez um programa externo especial sobre o evento. Como eu não podia me auto entrevistar, minha amiga Anelise fez essa reportagem externa e colheu depoimentos de diversas personalidades da cena cultural da região. Trata-se de uma coletânea de Quadras, uma forma fixa de poema bastante tradicional na língua portuguesa, praticada por Camões, Fernando Pessoa e tantos outros. Também chamada de Quadrinha, Trova e Redondilha maior, essa forma de poema é constituída de quatro versos com sete sílabas poéticas cada, rimando em geral o segundo com o quarto verso. Sua declamação dura aproximadamente oito segundos. Os poemetos desse volume são praticamente o resultado de uma pesquisa dessa forma fixa de poema, escritos durante um projeto onde eu e o poeta Marcelo Steil fazíamos palestra e declamações de poesia em escolas, num projeto chamado Viva Poesia, que atingiu cerca de 50.000 estudantes e editamos depois 4 coletâneas com os poemas escritos pelos alunos, resultado de um concurso que promovemos. Pois na época, os estudantes apreciavam mesmo esse tipo de poema, quanto mais açucarados melhor, por isso as quadrinhas desse livro tratam de temas românticos, de um Amor ideal. Somado a isso, como mote, flores que se podia se encontrar na cidade de Blumenau, que em alemão significa “Campo de Flores”. A orelha foi escrita pelo poeta Jairo Martins e o prefácio pela Tuca Ribeiro, professora de Literatura na Furb. A edição contava ainda com aquarelas onde a artista plástica Imamaiah ilustrou as flores dos poemas e cada página possuía ainda uma versão em Braille.



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O Amor-perfeito veio
Nascer na tela do artista
E nasceu em nossos olhos
Amor à primeira-vista


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As Avencas hoje dançam
Ao vento que vem soprar
Essa brisa diz-me algo
Vem teu nome sussurrar



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As Azaléias formosas
Fazem sombra pro besouro
E sem sombra de dúvida
Nosso amor é um tesouro



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As Acácias abraçadas
Tão juntinhas neste ramo
Olho dentro dos teus olhos
Então digo que te amo



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As Adálias tão formosas
Parecem obras de arte
E bate forte o meu peito
Simplesmente por amar-te

.....................................



Os Antúrios corações
Lá no jardim à crescer
Bate-bate e faz tum-tum
Cada vez que vou te ver



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Os Agapantos ao vento
Como azuis olhos de Vênus
Com afagos e carícias
Assim nós nos amaremos



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As Begônias são a causa
De um jardim tão colorido
Sem teu amor minha vida
Não teria algum sentido



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As Bromélias são encanto
Magia de belos matizes
Essa paixão é o feitiço
Que nos faz sorrir felizes



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As Camélias tem um ar
De quem vibra de paixão
Escrevo hoje teu nome
No livro do coração



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Oh Crisântemos divinos
São as flores de um adeus
Jamais morre esta chama
Que me une aos olhos teus



................................



Os Cravos estavam tristes
Pois o sol havia se posto
Vi nas nuvens deste céu
O desenho do teu rosto



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A Flor-de-Liz e suas cores
São matizes da beleza
Mantemos em nosso peito
A chama do amor acesa



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Os Gerânios nos jardins
Ornamentam a cidade
Assim é o nosso amor
Jardim de felicidade


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A Gérbera apaixonada
Na primavera nascia
Em mim nasceu o amor
Que renasce à cada dia



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Os Girassóis apaixonados
Sorriam ao astro-rei
Te amarei eternamente
Jamais te esquecerei



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Os Hibyscus perfumavam
O vento do entardecer
Meu coração será teu
Cada vez que ele bater



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As Hortências tão sublimes
De fragrância tão pura
Mais sublime é nosso amor
Puro afeto e ternura



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Os Ipês na primavera
Vestem traje amarelo
Teu amor vestiu meu mundo
De um sonho doce e belo



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O Jasmin enamorado
Floresceu até que enfim
O romance de nós dois
Tem começo e não tem fim



......................................



Os Lírios perto do mar
Inesquecível paisagem
Assim é o teu semblante
Em sonho vi tua imagem



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Nos Lisiantus do jardim
Pisca-pisca um vagalume
O teu amor me completa
Como a flor e seu perfume



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As Margaridas não mentem
Respondem à quem quiser
Perguntei de nosso amor
Terminou em bem-me-quer



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A Miosótis tão singela
Sempre me enterneceu
Estarei junto de ti
Sempre sempre ao lado teu



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As Orquídeas com seu néctar
Onde pousa o beija-flor
Nesses lábios pousam beijos
Também a palavra amor



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As Petúnias se destacam
No céu de azul profundo
Te quero muito meu amor
Mais que tudo neste mundo



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As Prímulas elegantes
Como asas de querubim
No céu brilha o arco-íris
Como este amor sem fim



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A Rosa disse ter visto
Borboletas no jardim
E falou do teu amor
A melhor parte de mim



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As Tulipas são tão raras
Tão difíceis de encontrar
Encontrei o meu amor
E meu destino é te amar



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As Violetas violácias
Ou da mesma cor do céu
Não acaba este beijo
Com doce sabor de mel



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"Amor à Flor da Pele"


Tchello d'Barros

www.tchello.art.br

Tchello d'Barros - p/ a exposição de Poesia Visual no NAC - João Pessoa/PB


Capa de "OLHO ZEN"


"Olho Zen" haicais

Amigos,

Aqui alguns dos poemas haicais constantes em meu 4º livro publicado, “Olho Zen”, em 1999, com edição de autor, em Blumenau/SC, cidade onde eu morava na época. O lançamento ocorreu no espaço cultural da Semed, onde fiz também uma exposição de arte digital e projeção de imagens digitais. Os não-iniciados na arte do haicai, em geral estranham esse tipo de poema. É uma modalidade de poema popular de origem japonesa, medieval, mas atualmente praticada em muitos países. Em geral, são três versos, de 5, 7 e 5 sílabas poéticas cada um, e conta com um “kigô”, ou termo de estação, que associa o poema à uma das 4 estações, que por correspondência, está associada à algum sentimento. Um dos versos apresenta uma imagem e noutro versos acontece um movimento, uma ação na cena. No último verso, o poeta apresenta sua percepção da cena, mas não de forma direta, é o zen, em linguagem subjetiva. O haicai (haiku, em inglês e hokku, em japonês) perpetua um momento presenciado pelo observador, em seu núcleo de eternidade. Quem não entender é porque entendeu. Entendeu?




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estrelas e estrelas
caíram todas aqui?
ah os pirilampos!



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mais de vinte garças
nas ramagens sobre o rio
brancas azaléias



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o rio leva o galho
passeando de carona
vai um passarinho



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corujinha branca
solitária companheira
na ponte de ferro



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sabiá na janela
legenda desse gorjeio
bom dia desenhista



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na rosa dos ventos
foram-se as folhas e as flores
ficou o bicho-pau



...............................



brilha o sol no orvalho
porque chorou essa bromélia?
lágrimas do céu




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flor alaranjada
chegou cedo a primavera?
ah os cogumelos



...............................



meia-noite em ponto
o chão se move no escuro
trilha de formigas



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ouro na prainha
pingos de sol no gramado
ipê amarelo



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luz do sol na teia
pequenina tecelã
tece fios de ouro



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silêncio no bosque
o quê estão a sonhar
os gatos da Edith?



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depois do poente
manto azul em Blumenau
tecido de noite



...............................



na beira do rio
em côro cantam os pássaros
_quero, quero, quero!



...............................



um camaleãozinho
longe do mato que verde
mora em sua pele



...............................



noite de lua cheia
só o murmúrio do açu
e este haicai



...............................



rio Itajaí
capivaras pela margem
desenham o açu



...............................



debaixo da ponte
mergulha uma capivara
acorda o mendigo



...............................




plena luz do dia
namoram as capivaras
na cervejaria



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tic-tac dos teares
atrapalha o sono justo
dessas capivaras



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perto da Macuca
vinte e uma capivaras
será assembléia?



...............................



ao sol do meio-dia
as capivaras sonham
o rio que transborda



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cio das capivaras
uma lua de prata espia
esse par feliz




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dia de maratona
capivaras vem à tona
se amar à toda



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pia joão-de-barro
ainda prefiro teu canto
ao da catedral



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violetas azuis
esta tarde não passou
em brancas nuvens



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flor-de-algodão
será parte de um vestido
estampa de flores




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cruzeiro-do-sul
o céu uma cortina preta
atrás o que tem?



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céu acinzentado
foi o sol que esqueceu
de bater o cartão



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eclipse solar
meia-noite ao meio-dia
cantará o galo?



...............................



rubro horizonte
pôr-do-sol em Blumenau
o rio escarlate



...............................



paralelepípedos
a rua XV vermelha
poente cor de sangue



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orquídea azul
orna um galho sobre o rio
um pássaro açu



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dormia o sapinho
terá saltado no lago
ou foi só um sonho




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rosa perfumada
sob a pétala cor carmin
esconde um espinho



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goteja o orvalho
as gotas de sol na teia
pequena mandala



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despido de nuvens
um sol brilha lá no céu
outro ali no rio




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andorinha azul
a bruma branca do açu
oculta seus vôos



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céu de pedra ônix
há um segredo de prata
por trás dessas nuvens




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as folhas se tocam
duas palmeiras namoram
o vento é cúmplice




...............................




na casa Enxaimel
breves pinturas abstratas
líquem nos tijolos




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canta mais cigarra
essa cidade já tem
formigas demais



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floração do ipê
borboletas amarelas
dançando ao vento




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escultura do Pita
espreguiçam-se os gatos
na braça deserta



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acordo com música
antes dos sinos da igreja
canta o bem-te-vi



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brotos de bambu
na sombra do mausoléu
a vida prossegue



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pétala vermelha
trazida pela formiga
as outras só folhas




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na beira do rio
divide-se a tarde ao meio
passeio do lagarto



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"OLHO ZEN"

Tchello d'Barros

www.tchello.art.br

Capa de "LETRAMORFOSE"


"Letramorfose" - Poesia experimental

Amigos,

aqui alguns dos poemas constantes em meu terceiro livro publicado, "Letramorfose". A primeira edição (1999) - com duas reimpressões posteriores - foi publicada pela Editora Cultura em Movimento, da cidade de Blumenau/SC. O prefácio contou com texto do poeta Marcelo Steil, Prof. Dr. em Literatura pela UFSC. Para o evento de lançamento, convidei o ator Nelson Curbani, que fez uma performance estática, aquele trabalho onde o ator fica imóvel, imitando uma escultura. No caso, pedi que 'interpretasse a escultura "O Pensador" de Rodin, ao lado da mesa de autógrafos. O mesmo teve lançamentos em Blumenau e várias cidades catarinenses, São Paulo, Santos, Jundiaí. Em 2001, levei pessoalmente exemplares nas bibliotecas nacionais dos países de nossa América do Sul, excetuando-se as Guianas, onde não permititam minha entrada. Mais recentemente foi também apresentado em noites de autógrafos em Recife, Olinda e Maceió. Trata-se de uma coletânea de poemas muito curtos, brevíssimos, onde exploro as possibilidades semânticas, sonoras e visuais dos pequenos textos.


.................................


curto
poema
curto

só sinto
ser tão
sucinto



.............................



vênus
nos
vê nus



.............................



amemos
a menos
que o amor
de vênus
seja menos
com
camisa-de-vênus


.................................



monumento
tu
nua
num
momento
sem
nem
um
movimento



..................................



nua vens

eu nas

nuvens



...................................



10
tua
nudez



..................................



coração
ocupado
o cupido
o culpado



.................................



coração
:
nada
no da
nado



...................................



castigo
não estar
contigo



..................................



à meia-noite
amei-a
à meia-luz


...................................



uma dama
em chama
me chama
pra cama



................................



há fogo
em teu
afago



................................



ateou-me
o teu fogo
meu fôlego
se foi logo



....................................



posso ir
te
possuir
?



.......................................




teu corpo
não se
comporta
mas me
comporta



......................................



seios
sei as
suas
duas
luas
nuas



........................................



senti
vazio
sem ti



...................................



te ver
:
melhor
que
TV



...................................



amor
não
se
computa



...............................



objeto
mulher
objeto



................................



love
sonho
vê-lo



...................................




baste
ver-te
!!!
neste
susto
verte
luzes
deste
rosto



.............................



é
tu
ou
nada



.....................................



você
+
eu
=
vocêu



.................................



ela
:
meu
elo



..................................



partes de mim

se partem se

partes de mim



....................................



muito mito
:
num minuto
ao limite
do infinito



.......................................



milagre
mas
de
lágrimas
rio



........................................



meu cérebro
são dois
e mistérios

um ébrio
um sério



............................................




esta
fronte
de mente




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ou tô no
outono
ou não tô



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até
me
deu
um
choque

mas
pra
ser
bem
chique

tem
que
ter
bom
cheque



...............................



ter
ou
não
ter
eis
ambição



......................................



político
politicamente
mente



.....................................




Tio
Sam
nos
USA
???



.......................................



arde
uma temática
:
arte
é matemática



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pinto

tanto
tempo
com
tanta
tinta
me
sinto
meio
tonto



....................................



deleto

o
que
não
me
é

dileto



......................................



sou dado
à
paz



.....................................



medito
e
penso

com incenso
e
sem senso



......................................



caminho
com
meus
pés
nos
pós
do
meu
caminho



.........................................



lapido
me em
lápis
lapsos
colapsos



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penso
logo
hesito

denso
louco
existo

tenso
logo
excito



..................................



olho por olho
lente por lente

ceguinhos
seguimos



...................................



de lemas
sigo

dilemas
vivo



........................................



destino
o
meu
é
desatino



...........................................



paraíso
eis
que
um
dia
vou
para isso



............................................



se vivo
sentido
com tudo

contudo
sentindo
convivo



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poemas
ontem
nas cenas
apenas
hoje
até nas
antenas
de
atenas



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viver
:
vim ver
!


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"LETRAMORFOSE"

Tchello d'Barros

www.tchello.art.br

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Capa de "PALAVRÓRIO"


"Palavrório" - Poesia experimental

Amigos,

aqui alguns dos poemas constantes em meu livro "Palavrório", cuja primeira edição foi publicado de forma independente em 1996, quando eu vivia em Blumenau/SC. O lançamento aconteceu na abertura da 1ª Feira do Livro da cidade (que só durou uma edição!) e estavam presentes os poetas Alcides Buss, Lindolf Bell, Marcelo Steil, Martinho Bruning e até o Ziraldo. Dei esse título pois achei o mesmo excessivo em número de textos, temáticas abordades e mesmo as linguagens experimentais. Mas é a gênese de minha produção em poesia experimental, ou seja, apesar de ser o segundo livro publicado, apresenta os primeiros poemas que escrevi, as primeiras experimentações formais e busca de estilo.






PALAVRÓRIO

Tchello d'Barros



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POR AMAR UM AMOR-MOR

Mais amor e amar a musa
Ardor de adorar a diva
Num arder louvar a deusa

Um cio de concupiscência
Licenciosa orgia
E lúbrica simbiose

Aceso amor de libido
Casta paixão na lascívia
E desejos em volúpia

Afrodite ou deusa Vênus
Adeus aos erros de Eros
E com camisa-de-vênus


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DE PERFUMES E PERFÍDIAS

Olores de sândalo
Perfumes na brisa
Marulho de ondas
Pegadas na praia

No calor da tarde
Ao sol tropical
Dilatam pupilas
Acendem desejos

Um úmido vento
Vem todo aromas
Num cheiro de flores
De pétalas doces

Na tarde que arde
A sutil fragrância
Hoje denuncia
Um rosto ausente



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SUBLIME SEMBLANTE

Nesse sublime semblante
Um breve tremor no corpo
Acende a luz das fagulhas
Que ardem por toda a pele

Íris além do arco-íris
Encontrar um rosto amado
Nessas fugidias nuvens
Na tarde um poente de ouro

E nos olhos do semblante
Duas mandalas fugazes
Duas gotas do oceano
Ilhas de uma saudade

Um corpo quente e lânguido
Em esguia silhueta
Tépidas dunas sem fim
Romã de raros aromas

E ferve um rio caudaloso
E queima o leito nas veias
Águas que ardem por dentro
Nas torrentes do desejo

No encontro da pele afago
Toque na pele e carícia
Onde arde a chama o afeto
Semblante em doce ternura

As nuvens levam um rosto
As horas levam um nome
Mas não levam essas letras
Nem essa pedra no peito

.................................



NA PONTA DO LÁPIS

Papel virginal
De cálido rosto
E nívea brancura
Recebe a visita
De um tímido lápis

A mina desliza
Percorre a folha
Nos traços que nascem
E fixa o grafite
Num gesto infinito

Nas linhas que surgem
Dos riscos e letras
No branco papel
Emergem desenhos
E versos diversos

Os traços do lápis
Percorrem a folha
Não mudam a vida
Não curam o mundo
Nem salvam o homem

Mas este grafite
Com poucos rabiscos
Desenha um corpo
Revela um rosto
E escreve teu nome


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PERGUNTAS PRA LUA

A lua de prata
Rainha das nuvens
Refulge no alto
Um disco que lembra
Olhar de pantera

No meio da noite
Perguntam pra lua
_Realizar sonhos?
Ela é só silêncio
A não dizer nada

Ainda mais silente
Ouve outra pergunta
_Aonde o amor?
Também dessa vez
Nenhuma resposta

O halo lunar
Ouve outra vez
_Existe destino?
Calada na noite
Nenhuma palavra

Silêncio de prata
Que vive no céu
Envia um sinal
Foi só uma nuvem
Ou a lua piscou?


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EM SI NUA EM CIO

Tudo no lugar
Lascívia no tato
Desejo no olfato
Libido no olhar

Sem nada alterar
Encontro de olhos
No suor dos corpos
Ardor e adorar

Nada vai mudar
Os que se atraem
Nem os que traem
No ato de amar

Nem eliminar
Cupidez no cio
No calor ou frio
Amar e sonhar


......................................



VISITANTE INESPERADA

Num sonho ela aparece
Meia-noite e meia-lua
Uma imagem que oferece
Um corpo de pele nua

Mostra agora sua face
Rosto de musa calada
Uns olhos que dizem tudo
Sem dizer uma palavra

Essa diva de outro mundo
Bela dona que me encanta
Enche de luz o meu ser
Ao dar-me um beijo de santa

Um silêncio mais profundo
Já em plena alvorada
A mulher de pele despida
Me chama ao mundo dos vivos



.............................................

2



O PÓ DO POEMA

O pó do poema
É barros e lama

Havendo um tema
Não tema nem trema

À venda um anátema
Nem treme a trama

Valendo uma teima
Há lá quem se queima

Vá lendo o poema
De ameno tema

E além de um lema
Há lenda e dilema


.................................




UMA ALMA MAL ARMADA

Quanto cabe no poema
Por vezes agita a alma
Talvez um gume de arma
Quase sempre tão serena

E nas letras do poema
O fio de uma lâmina
A fatiar as palavras
Numa tarefa amena

E na escrita do poema
Pena e letal espada
O gume divide um tema
Dúvida em todo dilema

E os versos do poema
Neste vale de milagres
Quase tudo vale apenas
Se a arma não é pequena



..................................



TORRE DE PAPEL

Arar a palavra
Unir caracteres
No branco papel

Lavrar a palavra
Tecendo o idioma
Da torre Babel

A rara palavra
Na face da página
Qual rosto sem véu

Atar a palavra
Na torre escrita
Que sobe ao céu



..................................



CONVERSÃO COM FÉ

Conversa com versos
Ser um réu com fé
Poema processo

Sem corpo delito
Nem corpo deleite
Ou corpo de letra

Ser um réu confesso
Receber em versos
Um mau veredito

No jogo das letras
Nem joio nem trigo
Apenas um grito

Apenas a pena
Para além do rito
Que segue inaudito


...............................



ALA DA PALAVRA ALADA

Vai palavra voa ao longe
Além de nossos destinos
Muito além dos horizontes
E dos nossos desatinos

Leva teu canto ao mundo
E ao voar nos quatro cantos
Deixa no peito dos homens
Letras de fogo da vida

Poema essa ave branca
Leva as asas do desejo
Leva segredos e sonhos
De quem ama ao dar um beijo

Pássaro feito de versos
Sobrevoa esta cidade
Paira nos olhos do homem
Pousa no seio da verdade


............................................



AS PEGADAS APAGADAS

Dançam nuvens lá no céu
Voa longe passarinho
Vai pro alto voa ao léu
Qual poema no papel
Escrevendo seu caminho

Em teu voo a leveza
Muito além deste escrito
No teu pouso uma certeza
Teu voar é a beleza
Que procura o infinito

Ave rara iluminada
Voa ao sol ou lua cheia
Essa vida é um nada
Será em breve apagada
Qual pegadas na areia


..................................



100 MEIAS PALAVRAS

Com três paus se faz uma canoa
Com três pessoas se tem uma igreja
Com três palavras se faz um poema

Com dois paus já se faz uma cruz
Com duas pessoas já se tem ambos
Com duas palavras há uma cruzada

Com um pau se arma uma barraca
Com uma pessoa se tem alguém
Com uma palavra se arma a matraca

Com meio pau já se tem um poste
Com meia pessoa se tem aquém
Com meia palavra besta basta



................................




Há RISO E HÁ RISCO

Nos traços que risco
Meu cisma na reza
Desenha-se misto

A vida em rio raso
Desdenha-se um riso
Não piscar o cisco

Ser menos que isso
Um mero arabesco
Não mais que um rabisco



..................................



COR EM TOM-SUR-TOM

O branco no breu
No verde um tom frio
Suave matiz
E cálida tez

Em crua nuance
A plasmar a cor
Somar-se num tom
Sumir-se no breu

Degradê do céu
Boreal o azul
Volátil anil
Volúvel na luz



..................................



TANTAS TINTAS VISTAS JUNTAS

Na cor nascer ou não ser
No traço que se revela
Na forma que se desvela
Nos limites do espaço

Na cor ser ou renascer
Cobrir a tela de tinta
Na mão o pincel que pinta
E um olho aquém de Picasso

Na cor a obra a fazer
Preparar toda a tintura
Plasmar na tela a pintura
Matiz nuance e traço

E na cor acontecer
Gesto onde nasce a obra
Na vida que se renova
Todo dia a cada passo



..................................



3




QUANDO ANDO REZANDO

Se ano após ano
Eu meço essa sina
Que peço na reza
E somo ao meu sonho

Se assim me assino
Me assumo insano
Se sigo insone
Nem me assombro

Pois ano após ano
Me somo rezando
Me uno andando
Se ando e me sumo



..................................





SÓ DÁ DÓ DE SI

Acordar em sono
Numa corda bamba
Ser na corda um nó

Acordar em sina
Numa cor de sonho
Sem ser mais que pó

Acordar insano
Num acorde o tom
Dura nota dó

Acordar insone
Som de nota pura
A dor de ser só



..................................



NA IDA E NA VOLTA

Viver é fatal
Passar pela vida
É só um ir e vir
Entre o bem e o mal

Ao fim da viagem
Depois desse corpo
Ser alma ser anjo
Ou uma miragem

Ainda um mistério
Pra onde se vai
Algum paraíso
Algum céu etéreo



..................................



VIAGEM RÁPIDA

Vida é viagem
E há uma alma
Pedindo passagem

No trilho ou na margem
Por dentro dos olhos
Tanta paisagem

Andar sem destinos
Percorrer caminhos
Correr cem destinos

No trem coletivo
De vagão lotado
Viver sem motivo

Via obrigatória
Última estação
Dessa trajetória

No ciclo do ser
Final da odisséia
Hora de descer



...................................



UMA ALMA LEVADA

Cósmico universo
Sideral espaço
E um buraco-negro

No vácuo um voo
Que leva na aura
A luz das estrelas

Um anjo caído
Elevada alma
De asa lesada

Em seu voo cego
De asa tão alva
E alma lavada

Elevado karma
No ouro do sol
Um canto de Fênix


..................................



EXISTENCIALÍSSIMO

Do brevíssimo existir
Alguém diz que é deleite
Rico jardim de delícias
O fruir de um banquete

Do efêmero existir
Outrem diz ser um martírio
Uma perene angústia
Um contínuo delírio

No transitório existir
Ninguém nos diz o que somos
Por que será que vivemos
E nem mesmo aonde vamos



..................................




TEARES E ARTES

Tece a máquina na fábrica
E fabrica em desatino
Esse homem que maquina
A sina de seu destino

Essa sina se costura
Na malha em lida diária
Estampa a tinta na carne
Em vivas cores douradas

Turnos e ritmos contínuos
Os homens a labutar
Urdem o verbo na trama
Em sua luta ao tear

Essas vidas por um fio
Tecem linho e algodão
Tudo tecem nada pedem
Porém sempre algo dão


........................................




A MÁSCARA NO TEATRO

Atrás do enigma no rosto
Na máscara de teatro
As pupilas se dilatam
Nos olhos que se escondem

Voz que ecoa no teatro
Boca a jorrar palavras
No palco um ato e um pacto
Acende um desejo o gesto

Néctar da boca de Baco
Hálito doce de vinho
E um vulto livre que dança
Que canta o sopro das musas

Transe de um corpo na cena
Por fim desce a cortina
A máscara cai do rosto
E o rosto é outra máscara



..........................................



ALJAVA DE QUIRON

Quiron o centauro
Escolhe uma flecha
E aponta a seta
Os céus se agitaram

E qualquer estrela
Se torna um alvo
Pois sabe que a seta
Acerta o destino

Todo o universo
A lua as estrelas
O sol e os cometas
Anéis de saturno

Todos os que vivem
Lá em cima no céu
Acendem as luzes
Ao voo da seta




.................................




AS CAPIVARAS NO AÇU

As várias capivaras
Ciciam seu cio no açu

Acima das cismas do homem
Sem medo inculpes copulam

Sob a luz do azul do céu
Pastam na relva felizes

Dormem seu sono dos justos
Sonham alheias ao mundo




.............................................




O CÉU ACIMA DO AÇU

Nimbus acima do rio
Dançam na manhã do verão
E desenham sua sombra
Sobre o rosto da cidade

Cantam as águas no açu
Imitando a cor das nuvens
E os gerânios violetas
Exalam pólem no ar

E o amanhã sinuoso
Tão incerto e inefável
Como a cor dessas águas
Águas calmas e profundas

Seguem apenas seu curso
Cujas margens onduladas
Encontram no horizonte
O beijo azul do céu



..................................



MERCÚRIO COM ENXOFRE

No crisol e na crisálida
Ou em crise existencial
A vida segue seu ritmo
Repete o seu ritual

Transmutar ouro em chumbo
Na pedra filosofal
Receber a luz dos astros
E o fogo sobre o metal

Da treva é que nasce a luz
E da noite surge o dia
Na alma nasce a obra
Da arte nasce a magia



..................................



PARAQUEDAS PARA QUÊ?

O céu nesse salto
Um risco no azul
E um sol sob o sul
Ao léu lá no alto

Acima da nuvem
Na bruma do vento
Num voo o alento
As asas se curvam

Acima do monte
O mundo a girar
Por todos os lados
Linhas do horizonte

O voo se finda
Apesar de breve
A alma é tão leve
Que voa ainda



..................................








DE INTENTOS E INSTINTOS

Na memória o intento
E na noite o instinto
Esquecer já é distante
Tanto quanto este instante

A lua cheia transborda
Noite alta e madrugada
Nos meandros de um idílio
Um sino retine ao longe

Na noite um corpo no leito
No leito o sonho no sono
No sonho o medo da morte
Na morte o fim da viagem

Na viagem rir da vida
Na vida o caminho da arte
Na arte a fagulha da alma
Na alma o sentido de tudo



........................................




LINHAS DA PALMA DA MÃO

Ardem perenes eternas
As tempestades solares
Na fuga dos cometas
O êxtase da divindade

No alto acima das nuvens
Estrelas iridescentes
Em longínquos quadrantes
Ao redor da esfera azul

Oscilam tantas galáxias
Sutis miasmas etéreos
Pulsares de luzes distantes
Asteróides solitários

Na linha azul do horizonte
Fulgem raios rugem rios
No céu rutilam estrelas
Luzindo sóis e quasares

Nas linhas rubras da palma
As cálidas labaredas
Queimam rubras e voláteis
Ígnea sina e desdita

O destino arde na palma
Sinuosos os caminhos
E o sangue sob a pele
Percorre suas veredas



..................................



AGOSTO À CONTRA-GOSTO

O tempo nos tece uma veste
E muito custa esse imposto
E lento nos dá outro susto
Gastou-se mais um agosto

Posto que vasto é o tempo
E visto que nos é imposto
Viver só um tempo sucinto
Numa sina à contra-gosto

A teia insana das horas
Aos poucos sela um desgosto
No vasto espaço do espelho
O tempo esculpe seu rosto


..................................



PARADOXO DIGITAL

Hoje ninguém mais duvida
Dessa ávida ciência
Visceral transcendência
A sentenciar a vida

Somos povos hodiernos
A pagar tanto equívoco
Rumo ao inevitável
Ser andróide pós-moderno

Da árvore desceu a fera
Mutação evolutiva
Já homem subiu ao cosmos
Urbanóide em nova era

Nova ira e novo alento
Ser da causa seu efeito
Nessa mera vil ciência
Crepúsculo de um tempo

E veloz se aproxima
Essa era do silício
Ainda nem esquecemos
Da rosa de Hiroshima

Neurônio elemental
Entre luzes de sinapses
Emana no paradigma
Mantra e tantra ancestral

Paradoxo digital
Gerando chips e kbytes
Sem espaço pra haicais
Ficção existencial

Num sambaqui nuclear
Sarcófago virtual
Um holograma rupestre
Não poderá deletar

Do arco a mira no alvo
Ou na corda o som da lira
O sangue vivo na veia
Nem na musa o sopro em verso

Nem no cosmos a viagem
Ou de um mapa o seu rumo
Da asa o voo de um anjo
O sonho no olho do homem


................................................

4


ASTROLÁBIO ON-LINE

Um fugaz desígnio
Traduz cartas náuticas
Lúdica odisséia

Em vorazes insígnias
Em mapas e bússulas
Fronteiras e mares

Nos rumos do mundo
Noutros horizontes
Achar a si mesmo


.....................................




ODE AOS ESCRIBAS

Labuta o escriba
Nas vozes antigas
Símbolos e signos

Talha uma epopéia
E veste de letras
Papiros e tábuas

E nomes de homens
Destinos do mundo
Nas sendas do tempo


............................



PLÊIADES DISTANTES

Um risco na noite
Refulge o cometa
Celeste miríade

Os anjos e santos
Também eles amam
Estrelas cadentes

Viaja no espaço
A luz solitária
Num adeus a Deus



.....................................



FÚCSIA O VORTEX

Negra pedra ônix
Alta madrugada
Rutila um quasar

Num vortex volátil
Reluz em relâmpago
Um raio magenta

Ao final da noite
Centelhas de fogo
Tramando a aurora


................................



SETAS DE CENTAUROS

Som de tempestades
Na constelação
No céu do zodíaco

Nem chuva nem raios
Sequer meteoros
Ou lunar eclipse

Apenas centauros
Entre os horizontes
Alvejando estrelas


......................................



SÍNTESE E ANTÍTESE

O futuro não se atina
Morrer é apenas um mito
Diz o ditado sucinto

Pois viver nunca termina
É caminhar pelo infinito
Por dentro de um labirinto

E cada qual se imagina
Atendendo o quesito
De jamais estar extinto



FOGO DE OLHO-FÁTUO

Crepita sutil
A chama volátil
Em fogo volúvel

Lilás violeta
Labareda tênue
Espalha centelhas

De efêmero lume
A dança das chamas
De luz inflamável



.......................................



SIGNOS E DESÍGNIOS

Na noite diáfana
Inflama-se a chama
Na cor do crepúsculo

Um cálido fogo
De tépido lume
E luz crepitante

Dormita em segredo
Um sonho inefável
Profecia e fé


............................



ZEN IDEOGRAMA

Volutas de incenso
Ecoa um koan
Ao sol do oriente

Nanquim cor da noite
Desliza o pincel
Pelo ideograma

Cintila um metal
Ao lume da lâmina
Sonha o samurai



....................................




ELEGIA EM MI

Lençóis nacarados
Um ar de jasmim
Penumbra diáfana

Um sax soa ao longe
E um vinho merlot
Acorda a língua

A noite revela
Vorazes sentidos
E dois sóis se encontram



................................



OLHAR SIMULTÂNEO

Impar dorme o par
Sonha um com o outro
No sonho feérico

Calor de carbono
Por dentro da carne
Desata-se um frêmito

Voltar da viagem
E ao mesmo tempo
Abrem-se os olhos

.................................




PAZ E A MORTE SEMPRE

Acabem com os relógios
O tempo urge pra mim

E rasguem os calendários
O amor ruge carmim

Ao fogo com as agendas
A morte surge no fim








"PALAVRÓRIO"
Tchello d'Barros
www.tchello.art.br
...................................

Capa de "OLHO NU"


"Olho Nu" - Ideogramas


Amigos,

aqui alguns dos poemas em formato de ideogramas, constantes no livro "Olho Nu", cuja primeira edição foi pulicada em formato de opúsculo, em 1996, pela editora Letras Contemporâneas de Florianópolis/SC. É uma proposta de poesia experimental, que surgiu na época em que eu pesquisava o Concretismo e assuntos afins da poesia experimental no Brasil. Disso resultou uma pesquisa de como começou a fala humana, no caso, onomatopéias com breves sons de grunhidos e sibilos, imitando principalmente os sons da natureza, até por questões de sobrevivência e continuidade da espécie. A proposta basicamente foi extrair possibilidades semânticas, sonoras e visuais das palavras curtas de nosso idioma, no estágio em que se encontra, afinal muitos lingüístas contemporâneos apontam para um desaparecimento da língua portuguesa. O formato de ideograma foi escolhido apenas para dar uma estrutura visual aos textos. Trata-se de um trabalho em processo, que depois de 10 anos, continua apresentando novas criações.




mais
luz
do
que
o
sol
do
meu
céu

o
som
do
seu
sim



.........................



tem
dia
que
tem
sol
tem
dia
que
tem
lua
tem
dia
que
ela
diz
não
tem
dia
que
vem
nua



.........................



mas
por
que
pra
uns
deus

mais
pra
uns
deus

ais
e
pra
uns
deus

aids
???



.........................



tão
sem
pai
nem
mãe
não
sei
se
vai
ter
pão
na
mão
de
uns
sim
nas
de
uns
não
e

se
vai
mais
um
dia
de
cão



.........................



ah
meu
bom
deus
oh
meu
bom
pai
no
dia
em
que
eu
for

é
pro
céu
ou
pro
sul
que
se
vai
?




.........................




o
bom
de
ser
bom
e
não
ser
um
a
mais
em
mil
é
ter
tal
dom
e
não
ser
vil




.........................




ser
um
ser
sem
seu
céu
é
ser
um
véu
que
voa
ao
léu



.........................



cor
não
tem
a
ver
com
dor
mas
com
luz
com
som
com
tom
com
dom



.........................



cor
de
mel
o
tom
de
tua
tez
e

me
faz
bem
te
ver
mais
uma
vez



.........................



mal
bem
sei
que
não
tem
mas
um
hai
kai
me
diz
pra
ser
zen



.........................



meu
deus
do
céu
foi
por
um
triz
foi
por
um
fio
que
não
vi
o
caos
em
meu
país



.........................



é
na

que
se
vai
ao
céu
e
se
põe
o

no
chão
não

pra
quem
crê
em
são

mas
até
pra
quem
crê
no
axé



.........................



sei
bem
que
tem
que
ver
pra
crer
mas
mais
que
me
ver
quem
me
quer
quer
me
ter



.........................



meu
vôo
é
tão

um
ufo
sob
o
sol
uma
ave
ao
sul
do
céu
uma
nau
no
mar
ao
léu



.........................



em
meu
ir
e
vir
que
vai
do

até
a
luz

vi
paz
pés
PIS
pós
pus



.........................



era
uma
vez
ser
ou
não
ser
mas

não
tem
a
ver
na
era
do
ter
ou
não
ter




.........................



se

um
deus

no
céu

nem
sei
se

pra
crer
nem

pra
ver
se
ele
crê
em
mim



.........................



eu
te
amo
ela
diz
a
ele
aos
seus
pés
mas
ele
diz
a
ela
ou

ou
10



.........................



tu
que
me
lês
não
me
vês
a
cor
da
tez
nem
o
som
da
voz
mas
um
não
sei
quê
nos
faz
ser
nós



.........................



na
flor
não

pra
ver
no
que
vai
dar
tal
bem
me
quer
ou
mal
me
quer
mas

que
te
amo


pro
que
der
e
vier



.........................



no
fim
da
rua
tem
o
rio
no
fim
do
rio
tem
o
mar
no
fim
do
mar
tem
o
céu
no
fim
do
céu
tem
a
lua
que

pra
ver
do
fim
da
rua



.........................



não
vem
que
não
tem
mas
quem
mais
tem
mais
quer

não

quem
não
tem




.........................



a
luz
do

de
pir
lim
pim
pim

pra
ver
em
ti
ao
te
ver
em
mim



.........................



no
bem
bom
com
meu
bem
dia
sim
dia
não
tem
vai
e
vem




.........................




mais
um
dia
mais
um
mês
mais
um
ano
e
mais
uma
vez
um
tum
tum
me
diz
que
te
amo



.........................




do
ovo
vem
a
ave
da
ave
vem
a
asa
da
asa
vem
o
vôo


...........................



era
uma
vez
ela
+
eu
e
um
dois
três
deu
no
que
deu


...........................




de
vir
o
dia
que
não
vai
ser
em
vão
nem
pra
quem
cai
no
chão
nem
pra
quem
cai
em
si


...........................



até
que
ela
era
boa
mas
meu
elo
com
ela
era
à
toa
e
não
vai
ter
ode
nem
loa


.............................



uma
era
tem
quem
faz
mas
por
ora
não
tem
mais
oro
por
que
quis
que
um
dia
até
a
paz
vai
ter
bis


...........................



nua
nem
se

o
tom
de
sua
cor
crua
pois
na
ala
vip
do
meu
ego
age
um
raio
de
lua


............................



não
sei
se
vai
ter
flor
no
dia
do
meu
fim
mas
sob
7
pás
de

ali
jaz
mim


..........................



a
foz
do
rio
que
flui
do
meu
ser
vai
até
o
mar
em
tu
és
a
nau


.........................




quem
ama
tem
uma
teia
de
luz
em
seu
ser
e
não
tem
frio
mas
quem
não
ama

tem
breu
e

por
um
fio


..................................




pra
me
ver
ao
léu
tão

no
fim
da
rua
e

pra
ver

no
céu
a
luz
do
sol
na
lua



...............................




tu
em
mim
eu
em
ti
num
afã
que
num

nos
ata
e
num
imã
nos
une


...............................



cor
não
tem
a
flor
de
lis
que
fiz
de

de
giz
mas
a
flor
de
teu
ser
eu
sei
de
cor


............................



quem
ama
mas
é

tem
em
seu
ser
uma
dor
que
mói
que
rói
que
dói
que



.............................




não
sei
bem
quem
sou
nem
que
vai
ser
de
mim
mas
com

em
deus
sei
que
vou
até
o
fim



................................




ela
diz
que
ama
o
rio
e
diz
que
ama
o
mar
ela

não
diz
que
quer
ser
meu
par



.............................



nem
na
rua
nem
no
bar

ou
ali
ler
é
o
meu
lar


........................



sua
voz
soa
sua
tez
nua
seu
cio
sua


.............................



o
que
se

tem
vez
que
tem
mais
cor
e
mais
som
do
que
o
que
se




.............................




a
mil
vou
pra

vou
pra

e
vou
até
por
ali
não
sei
no
que
vai
dar
mas
não

nem




............................



no
eco
do
oco
em
mim
não

o
som
de
tua
voz
eu

a
sós
mas
o
eco
diz
nós
nós
n ó s



.................................




quem
não
crê
e
diz
que
não

não

que
a
mão
de
deus

em
meu
DNA



.................................




nem

de
breu
nem

de
luz
mas
não

quem
não
tem
a
sua
cruz



............................





fiz
o
bem
e
até
que
não
sou
mau
mas
meu
mal
é
ser
do
bem
a
dar
com
o
pau



...........................



sem
stress
meu
bem
pois
pra
quem
é
zen
um
ano
luz
é
vapt
vupt
ou
nem


................................



sai
pra

ô
meu
que
eu
não

na
tua
e
vai
ver
se
eu

no
fim
da
rua


..........................



a
mão
que

à
quem
não
tem
é
a
mão
de
quem

vai
se
dar
bem


.............................



do
caos
do
big
bang
se
fez
a
luz
e
sob
o
tic
tac
do
big
bem
ela
diz
que
quer
um
big
mac


.........................


o
que
é
o
que
é
que
quem
tem
é
vip
mas
quem
não
tem
é
vai
te
...



............................



foi
deus
quem
me
deu
meu
eu
ou
foi
meu
eu
que
me
deu
meu
deus
?



.............................



Tchello d’Barros
www.tchello.art.br


Excertos de Fortuna Crítica de Tchello d'Barros

Alguns excertos da fortuna crítica de Tchello d’Barros


Eleonora Fabre (RS)
José Aloise Bahia (MG)
Hugo Pontes (MG)
Al-Chaer (GO)
Ana Garjan (MG)
Afonso Estebanez (RJ)
Sid Az (RJ)
Christian Koenig (SC)
Luiz Fernando Prôa (RJ)
Luis Alberto Machado (AL)
Urda Alice Klueger (SC)
José Endoença Martins (PR)
Clemente Padin (Uruguay)
Luiz Eduardo Caminha (SC)
Rodolfo de Athayde (PB)
Matilde Matos (BA)
Cleomar Rocha (MT)
Nadja Mª Fonseca Peregrino (RJ)
Ângela Mª Fernandes de Magalhães (RJ)
Bruno Monteiro (PE)
Mario Sette (PE)
Ana Glafira (AL)
Benedito Ramos (AL)
Francisco Oiticica-Filho (AL)
Cláudio Bergamini (AL)
Marcial Lima (AL)
Jairo Martins (SC)
Tuca Maria José Ribeiro (SC)
Marcelo Steil (SC)
Nassau de Souza (SC)
Dennis Radünz (SC)
Vilson do Nascimento (SC)


......................................................................................................................................................

Tchello d’ Barros, cidadão do mundo, viajante sensível, artista de múltiplas facetas: escritor, designer, pintor; mas acima de tudo poeta. Da palavra ou de imagens. Para ele poesia é uma maneira de sentir e elaborar o mundo.
É desta forma que Tchello registra este universo, com seu olhar de estrangeiro e poeta. Um misto de encanto e espanto próprio dos lugares idílicos.

Eleonora Fabre - Porto Alegre/RS – novembro 2009
Artista visual, Mestre em Artes e professora de História da Arte.
In: Texto de apresentação p/ a mostra “Convergências’, na Univ. Estácio de Sá – Vitória - ES




Convergências é um projeto dinâmico, atua em várias cidades do território brasileiro, propondo um exercício estético estimulante. Uma ressonância da arte contemporânea, privilegiando um contato mais direto com a investigação, discussão e a reflexão intelectual sobre a linguagem plástica. Conteúdo, forma, expressão e unidade num ato de aproximação/desaproximação, palavra/imagem e imagem/palavra, de Tchello d´Barros com os detalhes gráficos trabalhados de maneira clara/escura e escura/clara, ratificando a polifonia de uma vasta produção e experimentação artística na construção de sentidos.

José Aloise Bahia – Belo Horizonte/MG - novembro de 2009
Escritor e Crítico Literário
In: Texto de apresentação p/ a mostra “Convergências’, na Univ. Estácio de Sá – Vitória - ES

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Convergências: a poesia visual de Tchello d’Barros


E entre os vários nomes que sobressaem está o de Tchello d’Barros, poeta visual cuja obra ganha dimensão na atualidade com seus poemas plenamente realizados, dentro de uma proposta visual que prima pela qualidade, remetendo para o observador o desafio que instiga uma interpretação não-linear e de caráter universal.

Hugo Pontes – Poços de Caldas/MG - outubro de 2009
Poeta Visual e Jornalista
In: Texto de apresentação p/ a mostra “Convergências’, na Bienal Internacional do Livro (Centro de Convenções) – Maceió - AL

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Tchello d’Barros: à vista e a prazo.

Tenho o privilégio de participar (acompanhando) de parte da trajetória de Tchello d’Barros nestes últimos 10 anos. Era 1999, quando o conheci através dos seus poemínimos. Já naquela época me via diante de um texto dentre os mais densos que tinha lido. Concisão com cisão de palavras. Precisão que as palavras precisam.

Dez anos se passaram e, neste período, vi que os poemínimos de Tchello d’Barros não caminhavam sozinhos. Vinham junto às demais faces deste Tchello-multi-tudo: poeta, designer, desenhista, artista plástico, poeta visual, fotógrafo, artista digital, haicaísta, cordelista, cronista, promotor cultural, palestrante, viajante e profundo conhecedor da história das artes.

O mais impressionante na construção de sua obra artística é o eixo que a norteia: há uma coerência em que clareza e simplicidade são cúmplices. E uma objetividade que nos faz concluir que, se Tchello sente com o “olhar”, ele “pensa” com um trabalho rigorosamente planejado e cuidadosamente estabelecido em um cronograma sem fim. Seu “olhar” não pára de trabalhar.

Tenho o prazer de falar que, pessoalmente, Tchello é melhor ainda que sua obra. Porque as palavras, as cores e as imagens gostam dele.

AL-Chaer - Goiânia/GO - agosto de 2009
Poeta e Escritor
In: Texto de apresentação p/ a mostra “Convergências’, no Largo das Letras – Rio de Janeiro - RJ

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"A arte visual de Tchello d' Barros é uma rica linguagem artística, estilística, poética, literária e cultural de destaque, nessa primeira década do século XXI".

Ana Garjan – Belo Horizonte/MG – outubro 2009
Artista plástica e Curadora do Artforum Brasil Unifuturo
In: Pavillion Tchello d’Barros no blog Artforum


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No caso específico de Tchello d’Barros, seria insensato dissociar o escritor, o poeta, o artista visual e o viajante do homem-indivíduo, prestigiado ‘urbi et orbi’ pela versatilidade de estilo, erudição e domínio da arte pós-moderna, atributos que marcam, com singularidade, sua prodigiosa produção cultural e artística. Assim o testemunham seus poemas curtos (poesias-síntese e haicais), suas telas, instalações, fotografias e poemas visuais banhados de magia e encantamento.

Afonso Estebanez – Rio de Janeiro/RJ – junho 2009
Poeta
In: Entrevista e exposição p/ o Blog Haigatos

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O poeta multimídia Tchello d`Barros é um sujeito brincante no sentido mais amplificado do termo. Um artista que cria ludicamente no cerne semiótico das imagens-palavras, lendo-as e dizendo-as inusitadamente, digerindo-as em seus sentidos internos, elaborando e extraindo delas o sumo que alimenta sua verve apolíneo-dionisíaca. Um ser sapiente de que o ápice do arbítrio, ou exercício da vontade em deliberar sobre suas próprias escolhas e procedimentos plástico-conceituais é a solução da incógnita mágica na equação conteúdo versus forma que, amalgamados, transfiguram-se em arte.

Sid Az – João Pessoa/PB – maio 2009
Artista visual e professor na UFPB
In: texto crítico p/ a mostra de gravuras Transfigurações

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Um dos maiores poetas catarinenses em atividade, um grande poeta brasileiro, um artista incansável e versátil, um homem com uma rica história de trabalhos e conquistas, um conhecedor do mundo, este é Tchello d'Barros.

Dois pontos que o Círculo Desterro defende firmemente são o estudo da linguagem e a sonoridade, quesitos que Tchello apresenta-nos com maestria. Seus haicais e poemínimos brasileiríssimos são prova viva de seu talento e, além disso, um deleite ao erotismo poético.

Christian Koenig - Florianópolis/SC – março 2009
Escritor, editor, pesquisador de literatura e coordenador do Círculo Desterro
In: Blog Círculo Desterro

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Viajando em sua obra senti-me tocado pela qualidade e perícia de seus
poemas curtos, de suas telas, instalações, fotografias e em conhecer
a magia de seus poemas visuais, os melhores que já tive acesso.

Luiz Fernando Prôa - Rio de Janeiro/RJ – fevereiro 2009
Escritor, produtor cultural e editor do site Alma de Poeta
In: Site Alma de Poeta


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“A arte de Tchello d´Barros é daquelas que tem recebido acolhida de crítica e de público. Pudera, desde o seu trabalho poético visual aos folhetos de cordel, entre outras incursões no campo artístico, Tchello tem demonstrado a sua capacidade de artista completo e mestre no seu ofício. E isto aliado a um sujeito sangue bom da melhor estirpe, traduz simplesmente na grandiosidade de gente que é: quase 2 metros de altura e uma imensidão incalculável de talento e grandeza humana.”

Luis Alberto Machado – Maceió/AL – setembro de 2008
Escritor, Jornalista e Editor
In: Matéria p/ sobre a exposição “Convergências” apresentada em Blumenau/SC


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Também foi nesse tempo (...) que vejo crescer a preocupação de Tchello d’Barros com o que se passava no seu país, na América dita Latina, no mundo. Ensaiou ele, então, as suas primeiras viagens, primeiro para os outros lados do grande Mar-Oceano, e um dia partiu num périplo pela América do Sul, que durou vários meses – foi-se pelo Rio Grande do Sul – tornou ao Brasil por Roraima, navegou pelo Rio Amazonas até o Maranhão – um dia estava aqui de novo. Pouca gente, que eu conheça, é capaz de tal busca, de tal preocupação em ver e sentir.

Urda Alice Klueger - Blumenau/SC – junho 2007
Romancista e Editora
In: texto para a orelha do livro Vide Verso

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Nem tudo se resume ao amor – vampiresco ou desatinado – nas deambulações sonoras e poéticas que Tchello d’Barros expõe em Vide-Verso. Como não poderia deixar de ser, o próprio eu-narrador do poeta chama a atenção a um outro tipo de amor: à poesia, ao verso, à escrita poética. O olhar, agora, se volta ao ato de escrever como profissão de fé, ou militância, ou meta – a metapoesia. Aí, amor à escrita equivale a amor a uma mulher. Esta triangulação – escrita, amor, mulher – se expande em outros versos.

Prof. Dr. José Endoença Martins - Curitiba/PR – junho 2007
Escritor, Poeta e Doutor em Literatura
In: prefácio do livro Vide Verso

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“Toda criação genuína é experimental em relação à sua linguagem. A leitura é a verdadeira vedete dessa série singular. Por um lado nos oferece a possibilidade de decidir por nós mesmos o valor vivencial que esses poemas têm para nós em relação a nossos repertórios de conhecimentos e experiências pessoais. E, por outro, ao questionar a poesia tradicional, nos obriga a criar, ou estabelecer novos modos de interpretação, o que nos situa como co-criadores pois, ainda que Tchello d'Barros nos ofereça novas formas, parcialmente incompreensíveis, também nos brinda, dentro de cada poema, os elementos necessários para sua interpretação. Apenas temos que descobri-los...”

Clemente Padin – Montevidéo / Uruguay – outubro de 2006
Poeta Visual, Editor e Pesquisador de Literatura experimental
In: Texto crítico da exposição de Poesia Visual no NAC em João Pessoa/PB


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“tchello girando pela mandala tamarineira nas (im) possibilidades do poema deixando sua lógica pros mortais.

tchello que nunca fotografa nem sei se fotografa as letras e poemas que e/ letra/ fica / recita dos poros e gretas seu organismo sul cardeal voa e surta na aura das coisas em passados e desfuturos.

tchello humoriza e demoniza em centenas ou milhares de letras autopoéticas todos os retratos. “

Rodolfo de Athayde – João Pessoa/PB - outubro 2006
Artista visual e produtor cultural
In: Texto de parede p/ a mostra "Noções Unidas" no NAC de João Pessoa/PB


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“Tchello d’Barros tornou-se, é verdade, um cidadão do mundo, tantas andanças fez à procura de concretude que possa lhe encher seu ser abstrato e abstraído...os poemas visuais de Tchello falam por si só e permitem a interpretação que cada um lhes quiser dar de acordo com o que vê e o que lhe fala o conteúdo do que vê.”

Luiz Eduardo Caminha – Blumenau/SC – novembro/2006
Poeta, Editor e Coordenador do Stammtisch em Blumenau/SC
In: Matéria para a sessão Das Letras do site Smtt
ref. à exposição de Poesia Visual no NAC em João Pessoa/PB


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“Tchello d’Barros é dono de texto escorreito e artista gráfico. Maneja formas e cores com a correção da sua prosa, e a poesia dos versos que compõe. O interesse pelo labirinto foi despertado ao traduzir ninguém menos que Jorge Luis Borges, daí passou a ver como eles se apresentavam em diferentes formas e lugares inusitados, dos jogos de criança às naves e adros de velhas catedrais européias.
Transpor nas suas infogravuras os labirintos que a teia da vida estabelece, foi decorrência natural. Nas gravuras eles se configuram variados e coloridos, as formas vão se arrumando nos diversos padrões, a atração das cores conduz o olhar do espectador que se entretêm em compará-las, querendo encontrar a preferida.
Matilde Matos – Salvador/BA - outubro de 2006
Curadora e crítica de artes da ABCA e AICA
In: Texto crítico p/ a mostra "Labiríntimos" na EBEC Galeria de Artes em Salvador/BA


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Ten(s/ç)ões

“Da geometria clara à sinuosidade das linhas curvas, tênues, que serpenteiam em busca de conformações morfológicas menos rígidas, em vão(s). Do contraste extremo do preto com o branco aos tons de cores intensas, ainda que de matizes próximas. Assim é a exposição 'Grafos & Cromos", do artista Tchello d'Barros. A ludicidade da organização de grafos e cromos – formas e cores – oscila entre a regularidade geométrica e a vibração cromática, buscando acentuar o contraste, o detalhe, a tensão que lastreia o olho do observador, buscando ali referências emergidas do abstrato, consolidadas na concretude mnenômica dos jogos ópticos, das tramas visuais, do espaço que foge e se redimensiona. De orientação concretista, o foco estilístico se perde na multiplicidade, aspecto da pós-modernidade que perpassa o trabalho, golpeia a referência e a faz vibrar em novos sons, ousados,
contrastantes.”

“Pentágonos, espirais, quadrados, os grafos tangenciam a regularidade, mantêm o gesto contido nas linhas que saracoteiam e, coadunadas com as cores, produzem efeitos de subjetivação, em tensões e tenções. O contexto poético do artista lança mão de tensões visuais e se insinua, em tenções gestaltistas de estremecimento, movimento, represadas em
uma morfologia regular.”

Prof. Dr. Cleomar Rocha, PhD – Salvador/BA – maio de 2006
Doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas
Presidente da ANPAP - Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas
In: Texto crítico p/ a mostra "Grafos & Cromos" na Galeria do Sesc em Maceió/AL


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“Tchello d’Barros, também herdeiro da herança construtiva, nos faz pensar com suas combinações poéticas, no dilema da arte, que oscila entre construção e expressão. Por meio de seus ‘poemas espacializados’, cria um fluxo gráfico...uma composição que, indo além da superfície, vai se impregnando dos diversos sentidos propostos pelo jogo poético. Trata-se portanto, de experimentos visuais essencialmente lúdicos, que estão bem próximos da poesia concretista e do papel culminante que a experiência poética tem na trajetória do artista. As representações ali presentes são determinadas pela poesia no campo da arte, gerando resultados intensamente minimalistas.”


Nadja Mª Fonseca Peregrino – Rio de Janeiro/RJ – abril de 2006
Curadora, Pesquisadora e Profª. de Artes
Ângela Mª Fernandes de Magalhães
Curadora, Pesquisadora e Profª. de Artes
In: Texto p/ a mostra “Diálogos Foto-poéticos” realizada no Centro Cultural São Francisco em João Pessoa/PB



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“Tchello d’Barros é artista plástico e poeta, tendo publicado 5 livros e participado de mais de 30 exposições, entre individuais, coletivas e salões, notadamente em Maceió/AL e Blumenau/SC. Sua atuação é plural, tendo percorrido atividades no teatro, cinema, literatura e artes visuais, estas últimas com maior intensidade, incluindo prêmios literários alcançados.

Vivendo em Maceió desde 2004, o artista já visitou vários países em pesquisas culturais que ampliam seu repertório poético, visto no esmero de enunciados e enunciações que seus textos visuais constroem.

Prof. Dr. Cleomar Rocha, PhD – Salvador/BA – abril de 2006
Crítico de Arte, Curador e Presidente da ANPAP – Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Visuais
In: Texto p/ a mostra “Diálogos Foto-poéticos”

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“O ensaio que Tchello d’Barros mostra, aqui, é o produto de sua pesquisa a partir de
sua relação com o design gráfico, como é, de outra maneira, de suas especulações recentes em torno dessa jovem ferramenta matricial – a infografia. As mandalas que constrói são simples para um desenho, que não é fácil. Tchello cruza este “ciclo”, cuja história se confunde com a presença do que chamamos de inteligência no Planeta com a religião – acrescenta a isso as nossas cores – verde e amarelo.

De alguma forma ele experimenta o amuleto, mas elabora isso pela imagem e fixa-os na impressão e, aí, fala e aponta para um registro de um por vir místico – para fora do humano e do natural.”

Bruno Monteiro – Recife/PE – outubro de 2005
Representante da Câmara Setorial de Artes Visuais – Minc/Funarte
In: Texto p/ a série “Pentágonos Auri-Verdes” na III Bienal da Gravura – João Pessoa/PB


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“A proposta de Tchello d’Barros expõe em grande dimensão (ou seja, em alto e bom som), a “orientalização” de um texto lírico ocidental. O discurso verticalizado corresponde a uma proposta totêmica para sua principal possibilidade de sentido.

Horizontalmente predomina o “nonsense”, é uma opção de leitura cujo sentido raramente se organiza numa idéia totalmente clara, completa, construída intencionalmente e elaborada. O trabalho comporta outras possibilidades de leituras. Elas se complementam plasticamente.”

Mario Sette – Recife/PE – novembro de 2005
Coordenador do IAC - Instituto de Arte Contemporânea/UFPE
In: Texto p/ a mostra “Diálogos Foto-poéticos” no CAC/UFPE


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“O que Tchello d’Barros instaura e propõe com sua precisão/difusão visual e verbal é o exercício de uma criação inteligente, lúdica e bem-humorada.

A percepção das aliterações e sibilações somada aos jogos e imagens semânticas nos permite reconhecer sentimentos e verificar novas possibilidades de expressá-los.”

Ana Glafira – Maceió/AL – junho de 2004
Artista visual, Curadora e titular da Câmara Setorial de Artes Visuais - Minc/Funarte
In: Texto p/ a série “Poemagma e Enigmagem” da exposição “Indivisuais” na
Pinacoteca do Espaço Cultural da UFAL em Maceió/AL


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“A leitura do conjunto leva o espectador a compor o seu erotismo pessoal. É assim que Tchello d’Barros trabalha com a intimidade do corpo que se revela ao gesto simples do olhar.

Fragmentos apenas da epiderme nua. Uma visão particular, intimista do real palpável que se disfarça nesta interação entre o artista e a modelo.”

Benedito Ramos – Maceió/AL – agosto de 2004
Crítico de Arte e professor de pintura
In: Texto p/ a mostra “E o Verso se Fez Carne” no COSU do IAB/AL em Maceió/AL


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“A arte de Tchello d´Barros é daquelas que tem recebido acolhida de crítica e de público. Pudera, desde o seu trabalho poético visual aos folhetos de cordel, entre outras incursões no campo artístico, Tchello tem demonstrado a sua capacidade de artista completo e mestre no seu ofício. E isto aliado a um sujeito sangue bom da melhor estirpe, traduz simplesmente na grandiosidade de gente que é: quase 2 metros de altura e uma imensidão incalculável de talento e grandeza humana.”

Luis Alberto Machado – Maceió/AL – setembro de 2008
Escritor, Jornalista e Editor
In: Texto p/ a mostra “Combogós e Mandalas” no MISA - Museu da Imagem e do Som de Alagoas em Maceió/AL


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“A poesia de Tchello d’Barros aspira sincronizar os sentidos que asseguram a percepção estética mobilizando o aparato ‘verbivocovisual’ do modo lírico....

E mais, Tchello constrói uma poesia atraente e jocosa, impregnado da fala urbana afetuosa, com a qual nos sentimos afetados.”

Francisco Oiticica-Filho – Maceió/AL – junho de 2004
Crítico de Arte e Dr. em Literatura e Sociedade
In: Texto crítico p/ a mostra “Indivisuais” na Pinacoteca do Espaço Cultural da UFAL em Maceió/AL


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“As fotografias de Tchello não pedem o olhar pronto, predeterminado, evidente.
Elas não são o que são: são o que revelam. E, sendo assim, precisam ser olhadas através delas próprias, ou a partir delas. Têm a dimensão do imaginário alagoano."

Marcial Lima – Maceió/AL - outubro de 2004
Ator e presidente da Fundação Municipal de Ação Cultural de Maceió/AL
In: Texto para a mostra “Conversa com Fotos com Versos” na Galeria Miguel Torres do Teatro Deodoro, em Maceió - AL


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“Diferente das Mandalas sofridas do Museu de Imagens do Inconsciente, as
Mandalas cibernéticas de Tchello d’Barros são luminosas e dinâmicas, ascéticas e perfeitas, convidam a uma faxina mental e o retorno da busca da perfeição, ao mesmo tempo em que reportam à busca obsessiva de Cézanne pela montanha e de Monet pelos jardins aquáticos.”

Cláudio Bergamini - Maceió/AL - setembro de 2004
Arquiteto e presidente do IAB/AL
In: Texto p/ a mostra “Relevos Revelados” no MISA Museu da Imagem e do Som em Maceió/AL

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"Tchello d’Barros é desses homens necessários à humanidade, pois se nega a permitir que sua essência se afogue no oceano massificante do capitalismo, fazendo-a sempre flutuante e insinuante e com isso trazendo altos benefícios à sociedade e seus processos culturais."

Jairo Martins – Blumenau/SC – dezembro de 2003
Poeta e escritor – Presidente da Sociedade Escritores de Blumenau
In: Texto da orelha do livro "O Amor à Flor da Pele


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"Tchello d’Barros... é com certeza, um artista inquieto. Pesquisador da palavra, de seus símbolos, sons e cores, brinda-nos agora com um jardim em forma de trovas sobre flores que saltam das páginas deste livro.
(...)
O resultado é um trabalho surpreendente em sua frutífera carreira de gente que vê e sente."

Profª. Drª. Maria José Ribeiro, a Tuca – Blumenau/SC – novembro de 2003
Professora de Teoria da Literatura na Furb
In: Prefácio p/ o livro "O Amor à Flor da Pele"


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"Assim, observa-se em Tchello d'Barros um autor com esmerada consciência formal, que além da concisão, atenta para as várias possibilidades de comunicação, o que Ezra Pound chamou de "verbi-voco-visual", ou seja, no campo semântico, sonoro e visual.

Seus inquietantes poemínimos vem somar-se às experiências poéticas de qualidade que publica-se atualmente no Brasil."

Prof. Dr. Marcelo Steil – Blumenau/SC – agosto de 1999
Poeta, Escritor e Presidente da UBE União Brasileira de Escritores/SC 2003
In: Prefácio para o livro "Letramorfose” de Tchello d’Barros


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"Tchello d'Barros é essencialmente um artista multimídia. Síntese adquirida no vértice cosmopolita dos anos noventa, quando acresceu ao movimento cultural a personalidade multifacetada de pintar, escrever e encenar.

A diversificação que incorpora a obra desse artista, alia a cromática caligráfica
ao entendimento fractal de movimentos e texturas, através de uma visão refinada o impacto atemporal de múltiplas possibilidades.”

Nassau de Souza – Blumenau/SC – julho de 1998
Poeta e Produtor Cultural
in: Texto para a mostra individual "Rio Imaginário” no Espaço de Exposições da SEMED em Blumenau/SC


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"Irônico e aéreo, povoa-se de surrealismo hi-tech para duvidar da realidade em que, centauro cerebrino, vive imerso. Tchello d’Barros é poeta à procura da ternura na intempérie."

Dênnis Radünz – Joinville/SC – maio de 1997
Poeta, Ensaísta e Promotor Cultural
In: Texto no suplemento cultural Anexo, do jornal A Notícia – Joinville/SC


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“Telas, pincéis, canetas e máquinas datilográficas. Todas peças obsoletas no laboratório virtual do cibernético Tchello d'Barros. Chamá-lo de contemporâneo é marcar passo, neo ou pós-contemporâneo é subestimá-lo.”

Vilson do Nascimento – Blumenau/SC – maio de 1996
Curador e Crítico de Arte ABCA e AICA
In: Texto p/ a mostra “Texto e Textura” na Fundação Cultural Frei Godofredo em Gaspar/SC

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Tchello d’Barros
www.tchello.art.br